Perícia diz que Maluf não necessita de indulto humanitário por razão médica
Os peritos médicos que examinaram o estado de saúde do ex-prefeito de São Paulo Paulo Maluf, 89, concluíram que ele não necessita de
indulto humanitário.A perícia foi realizada por determinação do ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal), em razão de uma controvérsia entre o Ministério Público Federal e os advogados do político.
A Procuradoria solicitou a revogação do regime de prisão domiciliar ao qual Maluf está submetido desde 2018 por razões médicas. Defende que ele retorne para o complexo penitenciário da Papuda, no Distrito Federal. Já a defesa de Maluf solicita que ele receba o indulto humanitário, que é o perdão da pena por doenças graves permanentes.
Os advogados do ex-prefeito enviaram à Justiça um laudo médico, assinado pelo neurologista Wanderley Cerqueira de Lima, segundo o qual, desde novembro de 2020, Maluf sofre períodos de desorientação e de confusão mental, com quadro compatível com demência e evoluindo para alzheimer.
Além disso, diz o documento, desde uma queda em outubro de 2019, na qual sofreu fratura do colo do fêmur esquerdo, o ex-prefeito teve uma piora acentuada na sua locomoção, necessitando permanentemente de cadeira de rodas.
Os peritos Elcio Rodrigues da Silva, Jonas Aparecido Borracini e Richard Rigolino, do Imesc (Instituto de Medicina Social e de Criminologia de São Paulo), que o examinaram no dia 7 de abril, dizem que “o indulto, do ponto de vista médico, não minorará nem agravará seu estado de saúde”. “O quadro mórbido [de Maluf] é passível da manutenção da condição que ora lhe é dispensada, ou seja, cuidados em domicílio.”
De acordo com os peritos, as morbidades apresentadas pelo ex-prefeito não se enquadram no critério médico legal de “doenças graves”, ou seja, de caráter permanente, que possibilitariam, do ponto de vista legal, o indulto.
Segundo os peritos, “[Maluf] apresenta limitações para as atividades de vida diária, tanto básicas como instrumentais, que demandam cuidador nas 24 horas”. O ex-prefeito, diz o laudo, “demonstra prejuízos cognitivos leve, relacionados à faixa etária, não caracterizado quadro cognitivo impactante ou critérios diagnósticos para demência no exame”.
Os advogados de Maluf contestam o laudo. Dizem que os peritos oficiais não analisaram os documentos e os exames médicos juntados pela defesa segundo os quais o ex-prefeito sofre de alzheimer.
Eles pediram ao STF que uma perícia complementar seja realizada. “Maluf tem paraplegia permanentemente decorrente do Alzheimer e de uma atrofia nas vértebras”, afirma o advogado Eduardo Galil. “O seu caso se enquadra nos termos da lei do indulto, mas os peritos não analisaram os laudos médicos de 2020 e de 2021.”
O caso aguarda agora uma decisão de Fachin.
Rogério Gentile/Folhapress
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