UM POUCO DA HISTÓRIA DE UM MARAGOGIPANO.Por Paulo Vicente Guerreiro Peixoto.

Carlos Laranjeiras
Meu BOM DIA de hoje é enaltecendo a inteligência e a pessoa de um Maragogipano que, mesmo distante, nunca esqueceu suas origens e
seus momentos de infância e juventude em nossa Terra das Palmeiras.
Nascido em 1946, em Maragogipe (BA), CARLOS LARANJEIRA, iniciou a carreira como repórter no Jornal da Bahia, em Salvador (BA) em 1968, época em que o grande cineasta Glauber Rocha era o editor do Suplemento Cultural no qual escreviam Ubaldo Ribeiro, Caetano Veloso, Tom Zé, Capinam e outros. Ainda na capital baiana, foi também repórter da rádio Cruzeiro e da Semana Católica fundada por Dom Eugênio Sales, na época Arcebispo de Salvador e Cardeal Primaz do Brasil.
Nos anos 70, foi para São Paulo (SP), onde trabalhou em vários jornais, sendo repórter e colunista de Política do Diário do Grande ABC, editor de Internacional do Correio Metropolitano, também no ABC Paulista, repórter dos jornais Popular da Tarde e Notícias Populares, na capital, e, hoje, mesmo aposentado exerce sua atividades políticas e culturais em São Bernardo dos Campos em São Paulo.
Incapaz de se expressar em bom som em meio aos amigos com nível de inteligência igual ou superior ao seu, a exemplo de Carlos Lacerda que o repreendia com frequência em público, repreendia até o escritor gaúcho Érico Veríssimo, Jânio era com suas contradições o oposto do político vitorioso: vereador, prefeito, deputado, governador e presidente da República.
Compartilhar o trabalho a seguir é a minha singela homenagem e a maior prova do orgulho que tenho de, apesar de não o conhecer pessoalmente, tê-lo como conterrâneo e amigo aqui no Facebook. Texto de CARLOS LARANJEIRA: "Jânio Quadros, 25 de janeiro Se você também acha que o homem é um enigma ou um mistério, e pretende decifrá-lo, comece por estudar a figura de Jânio Quadros assim se aproximará de uma conclusão.
Nasceu em Cuiabá, Mato Grosso, em 25 de janeiro de 1917 data do aniversário de São Paulo e ano da Revolução Russa, a qual levou Vladimir Lênin ao poder. Chegou a São Paulo adolescente, em busca de uma vida melhor com o pai, republicano radical, Dr, Gabriel Quadros, médico, e a mãe. Tentou se fixar no interior, mas nenhuma cidade caiu no gosto do Dr. Gabriel que, de volta à capital, adquire uma casa de Bairro do Glicério e matricula o filho no Colégio Arquidiocesano, da Arquidiocese de São Paulo. Os padres o obrigam a memorizar e em seguida recitar longos poemas, de oito estrofes, inclusive Os Lusíadas de Camões, assim o rapaz passa a sofrer da visão e começa a usar óculos.
Jânio, nome retirado pelo pai do deus da mitologia grega Janus, matriculou-se na Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Formado, expressou a primeira incoerência ao concluir que não tinha vocação para advogar, andar pelas ruas de paletó e gravata, ele apreciava sim andar de chinelos, raramente de sapatos, calça e camisa de manga curta. Gostava como nenhuma outra pessoa de carnaval de rua, com frasco - ou recipiente - de talco branco jogava-o na cabeça de outros foliões e pulava atrás de ranchos, blocos, cordões, cantava marchinhas e outras músicas como Acorda Maria Bonita, Cachaça não é água não, Cidade Maravilhosa e outras músicas que faziam a alegria dos carnavais dos anos 30.
Em 1945 houve eleição para presidente e o general Eurico Gaspar Dutra se elegeu, em 1947 realizaram-se eleições parlamentares também para governador, vereadores e prefeitos municipais. Em São Paulo, um dos candidatos a vereador foi Jânio Quadros, mas das urnas emergiu o Partido Comunista Brasileiro (PCB), que havia executado intensa campanha contra o nazismo e o facismo e incitado greves. O PCB alcançara mais de 10% dos votos em todo o território nacional, elegeu um senador (Luiz Carlos Prestes) e a segunda maior bancada federal.
Assim, passou a apreciar a bebida alcoólica. O ato de gostar de bebida foi estimulado pela perda da irmã, Dirce, aos 16 anos. Ela sofria de um problema cardíaco e a despeito de ter feito todo o esforço humanamente possível para salvá-la, o Dr, Gabriel Quadros não conseguiu então exasperado, profundamente irritado, entrou em conflito com o filho, Jânio, que não escondia o amor pela irmã e vivia chorar. A propósito, anos depois, casado com a gaúcha Eloá Quadros, batizaria a única filha com o nome Dirce, em homenagem a irmã. Para dar aulas de Geografia, Jânio foi contratado pelo Colégio Dante Alighieri, criado pela comunidade italiana para unir as duas culturas por meio de um ensino competente. O colégio, que inovou ao aceitar rapazes e moças na mesma sala, o que não era hábito entre os demais estabelecimentos, convidou Jânio já com fama de homem inteligente para integrar o corpo docente. Assim com o rigor dos padres do Colégio Arquidiocesano, no qual estudara e se preparara para o curso de Direito, passou a lecionar no Dante.
Em 1947, Adhemar se elegeu governador e quatro anos depois era o político mais popular do estado. Não querendo eleger à sua sucessão, político de sua equipe, foi a Escola Politécnica da USP, em 1950, convencer o professor Lucas Nogueira Garcez a ser o seu candidato. Garcez era um desconhecido, ainda assim Adhemar o elegeu e viajou com a mulher, dona Leonor Mendes de Barros, para o exterior. Ao retornar, Lucas havia se apoderado do PSP, partido fundado por Adhemar, a quem deu tratamento malcriado. Paciente, Barros esperou a eleição de prefeito da capital. Apresentaram- se nessa eleição o professor Francisco Cardoso, candidato de Garcez, e Jânio Quadros, que havia sido eleito em 1950 deputado estadual e cujo slogan era “O tostão contra o milhão”, para transmitir a ideia de que ele era o candidato pobre e Cardoso, o rico.
Todavia, no cenário internacional, os Estados Unidos sustaram a aliança com a União Soviética, pós Segunda Guerra, iniciando uma guerra fria entre capitalismo e comunismo, o Brasil deu apoio aos Estados Unidos, proibiu greves de trabalhadores e cassou o registro do PCB. Então, todos os vereadores eleitos em São Paulo pelo Partido Comunista perderam o mandato, assim Jânio Quadros, que não tinha sido eleito, ficando na primeira suplência do Partido Democrata Cristão, assumiu no lugar de um deles. Adhemar então saiu em socorro de Jânio e custeou toda a sua campanha. Assim, Barros recuperou o PSP. Em 1954, Jânio venceu Adhemar para governador e demonstrando mais uma vez sua incoerência, realizou intensa campanha contra Adhemar a quem tentou prender, então para não ser preso o ex-governador fugiu do Brasil. Nos últimos instantes de vida de Jânio, em fevereiro de 1992, o deputado federal Adhemar de Barros Filho, o Adhemarzinho, visitou Jânio a quem indagou o motivo da perseguição ao seu pai. Essa é uma outra história. Jornalista, Carlos Laranjeira foi o primeiro profissional da imprensa brasileira a ter acesso aos arquivos da família do Interventor, governador e prefeito da capital Adhemar Pereira de Barros, dos quais eu extrai dados para a produção deste artigo. Durante cinco anos, fui assessor de imprensa de Adhemarzinho.
25/01/2019
Especialista em História de São Paulo, período de 1930 até hoje, Carlos Laranjeira escreve textos, ensina os rudimentos da história paulista na casa do interessado, edita e escreve jornais e livros. Atualmente, trabalha no livro A Vida de Adhemar de Barros." Este é um filho de MARAGOGIPE que, mesmo distante, não esquece suas origens.
Paulo Vicente Guerreiro Peixoto.'.

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