Políticos e empresários presos na Lava Jato escrevem livros na prisão
O tempo na cadeia pode parecer ocioso, mas para políticos e executivos, como o ex-ministro José Dirceu, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha e o empreiteiro Marcelo Odebrecht – todos presos na Operação Lava Jato –, o ócio tem se tornado
criativo. Preso desde junho do ano passado, Odebrecht mantém um diário sobre o seu dia a dia no presídio em Curitiba, segundo informações de O Globo. Eduardo Cunha escreve um livro sobre o processo que culminou no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Sem acesso a dispositivos eletrônicos, Dirceu ocupa o tempo com caderno e caneta. Assim como Odebrecht, o ex-ministro mantém um diário sobre a sua rotina no Complexo Médico-Penal de Pinhais, também em Curitiba. Só que nesse caso, Dirceu comentou com o advogado Roberto Podval suas intenções de publicar a autobiografia quando deixar a prisão. Considerado culpado pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa, Dirceu usa a escrita para agilizar a sensação de passagem do tempo, já que ele deve cumprir pena de 20 anos e 10 meses de reclusão. "Ele está escrevendo. Vai falar sobre tudo. Não vou falar nada para não perder a graça", comentou o advogado com o jornal. Dirceu escreve tudo no caderno que devolve aos familiares durante as visitas para que o conteúdo seja digitalizado. Já o ex-diretor Paulo Roberto Costa escolheu uma abordagem diferente: ele contabiliza todos os seus depoimentos prestados à Justiça, ao Ministério Público e outros órgãos de controle. Até aqui são 208, desde que ele foi preso, em 2014. Todo o material será publicado em um livro de 22 capítulos, que já tem 10 prontos, com destaque até para Newton Ishii, o japonês da federal. Segundo a publicação, o delator afirma que vai contar a sua versão da operação, além da rotina na Polícia Federal de Curitiba, onde ele dividiu cela com pedófilos, traficantes e ainda com o doleiro Alberto Youssef. “Toda noite tinha um culto religioso. Tinha um livro chamado "Harpa Cristã" e, nele, tinha os cantos. Então, todos cantávamos, cada um na sua cela. O pastor estava numa cela também. Ele era da PRF (Polícia Rodoviária Federal) e andou praticando algumas coisas erradas. Tem muitas coisas pitorescas e folclóricas que eu vou detalhar. Isso não vai estar em nenhum outro livro. O público sabe detalhes da operação, agora, entrando nos detalhes pessoais, isso ninguém sabe”, garantiu Costa ao jornal.
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