Porto de Salvador recebe navio do Japão com R$ 100 milhões em equipamentos

Uma embarcação duas vezes e meia maior do que o ferry-boat Ivete Sangalo (que faz a travessia Salvador- Itaparica e transporta até 610 passageiros e 74 automóveis) aportou, ontem de manhã, no Porto de Salvador com uma carga avaliada em R$ 100 milhões. O gigante, que se chama Thorco Shipping, saiu do Japão há cerca de 60 dias, carregado de equipamentos industriais como máquinas de solda de alta tecnologia, empilhadeiras e manipuladores telescópicos, que serão usados no Estaleiro Enseada do Paraguaçu (EEP), em construção em Maragojipe (Recôncavo).
No total, são mais de 11 mil metros cúbicos de equipamentos pesando mais de 13 mil toneladas. A carga veio acompanhada por uma tripulação de 18 filipinos. Só a descarga de um navio tão grande leva de quatro a cinco dias. O Thorco Shipping opera com guindaste próprio e a carga que trouxe é chamada de ‘dedicada’ – quando pertence inteiramente a uma só empresa. O frete de uma carga como essa custa de R$ 3 milhões a R$ 4 milhões, ou de 3% a 4% do valor dos produtos embarcados. 
Complexidade da carga impediu o transporte em containers
“Estamos na etapa de projeto da engenharia e, em breve, vamos iniciar o corte de chapa, quando todo o processo de transferência tecnológica estiver concluído. Em março do ano que vem, o estaleiro será oficialmente inaugurado”, afirma o coordenador de comunicação da Diretoria de Implantação do EEP, Marcelo Gentil.
Sondas 
Os equipamentos vão possibilitar a construção de seis sondas, encomendadas pela Petrobras, que vão explorar campos do pré-sal, como, por exemplo, o de Libra. Todos os equipamentos fazem parte da Oficina 6 – principal edificação do estaleiro, onde as chapas de aço são transformadas em painéis  e blocos.

O navio que acaba de chegar a Salvador saiu do Japão no dia 23 de novembro do ano passado e fez duas paradas: uma na China e outra em Singapura, para abastecimento. De tão complexa, com itens de tamanhos e pesos diferentes, a carga não pôde ser transportada dentro dos usuais containers, que geralmente comportam cargas de navios.
Os materiais tiveram que ser distribuídos em 11 pacotes de madeira de diversos tamanhos, de acordo com o coordenador de comunicação do EEP. A proteção de uma das cargas foi avariada durante a viagem e, na chegada a Salvador, o seguro teve que ser acionado para fazer uma inspeção dos danos.  “Isso é comum em cargas deste porte”, informouMarcelo Gentil. O carregamento milionário vai viajar até Maragojipe de balsas e de caminhões, segundo ele. 
Equipamentos do EEP começam a ser descarregados em Salvador. Operação pode demorar até quatro dias
Estaleiro tem inauguração prevista para março de 2015
O Estaleiro Enseada do Paraguaçu (EEP) é formado pela união de quatro empresas com atuação global – Odebrecht, OAS, UTC e Kawasaki– e tem como objetivo  desenvolver a indústria naval brasileira. O estaleiro ocupa uma área de 1,6 milhão de metros quadrados no município de Maragojipe, no Recôncavo Baiano.

O estaleiro foi concebido para desenvolver projetos complexos de engenharia naval e processar até 36 mil toneladas de aço por ano, trabalhando em regime de turno único, o que lhe permite margem de aumento de produção. Com inauguração prevista para março do ano que vem, o Enseada é fruto de um investimento privado de R$ 2,6 bilhões, com estimativa de geração de empregos diretos e indiretos depois do início da operação de 15 mil postos de trabalho.
O estaleiro é voltado para a construção e manutenção de embarcações especializadas em operação offshore, como plataformas, navios e unidades de perfuração e armazenamento.  
Para a instalação da Unidade em Maragojipe, o  governo da Bahia concedeu abatimento de 90% no ICMS para as empresas envolvidas, enquanto o município desonerou o ISS em 60%, sob a condição de que 60% da mão de obra empregada e capacitada fosse de moradores locais.

Correio

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