Cruz das Almas: A poesia e o ritmo cadenciado do xote no show de Santana

Jaleco e chapéu de couro, sorriso largo, muita energia e um repertório da melhor qualidade. Estes são os ingredientes utilizados por Santana para transformar a Praça Senador Themístocles em um grande salão, onde milhares de pessoas dançam e cantam seus sucessos nesse momento. É o xote, “que junta coração com coração”, como diz o cantor, e faz os pés deslizarem, mesmo que o chão seja incerto.
“O forró e o baião são muito apimentados, tira a concentração da letra. O xote não, as letras são feitas com muita maestria e a exigência de ter lirismo”, diz o cantador cearense de Juazeiro do Norte, com alma de baiano, citando os versos “Se avexe não, amanhã pode acontecer tudo, inclusive nada”, imortalizados na voz de Flávio José e exaustivamente repetidos pelos forrozeiros Brasil afora.
Santana declara seu amor à cidade ao afirmar que Cruz das Almas virou uma marca em sua vida. “Cantar aqui é sempre uma responsabilidade maior do que em outras cidades. Sou cidadão cruzalmense”, declara, com orgulho. Referência e inspiração de músicos jovens Santana lembra o personagem do livro O pequeno Príncipe, de Antoine de Saint Exupéry – “tu te torna eternamente responsável pelo que cativas”.
“E de uma coisa fique certa amor/a porta vai estar sempre aberta/o meu olhar vai dar uma festa/na hora que você chegar”. Os versos entoados ao som da sanfona, da zabumba e do triângulo é um convite ao forrobodó. Ou simplesmente forró, essa coisa “sublime”, na definição de Santana, que agora enche o Arraiá de Cruz das Almas.
E nesse clima, o cearense de alma baiana, faz uma homenagem a Dominguinhos,  que  considera “o maior forrozeiro do mundo”,  e aproveita para dar uma informação: “Luiz Gonzaga inventou o forró. Qualquer outra coisa que venham dizer é invenção”. E pronto. No mais, é muita gente usando o termo indevidamente. E sobre o xote, mais uma explicação: “é poesia, é lirismo e enaltece a mulher”.

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