FILME "MUITO ALÉM DE UM JARDIM" - SUA RELAÇÃO COM O TEXTO DE WALTER BEJAMIN, TEORIA DE CULTURA DE MASSA

Foto Juraci Rebouças
   O filme, Muito Além de um Jardim, relata a história de Chance, um jardineiro que jamais, conheceu alguma pessoa, senão, o patrão com quem trabalhava há certo tempo, e uma das empregadas da casa, por quem ele tinha um singelo apreço. Uma pessoa pura, sem malícia, que se habituou a rotina de trabalhar, e assistir televisão; o que de fato motivou que ele compreendesse o mundo diante das perspectivas que lhes eram disponibilizadas. Uma passagem do filme que retrata bem esse sentindo é justamente quando ele se depara com uma “gangue juvenil” e tenta desligá-los com o controle remoto.
            Por ironia do destino, e por que não atribuir um pouco de sorte, Chance consegue se instalar na casa de um “ricaço” que se surpreende com a subjetividade de “Chance” e principalmente pela maneira com que ele ver as coisas ao seu redor, digo, com a naturalidade, que causa espanto e cativa o “ricaço”.
            Sem muita noção das relações sociais, diálogos, e normas de boa conduta, “Chance” comporta-se de acordo com o que ele ver na Televisão, sem nenhuma regra de ações, seguindo piamente tudo o que ele consegue interpretar, desde como se cumprimenta uma pessoa ao aperta as mãos, até o beijo tão somente no teor técnico, fato este que denota a ausência de um sentimento e comprova que o ato se dar, por ter visto na televisão.
            A calma e a confiança que o Jardineiro transmitia para as pessoas, fez com que ele ganhasse notoriedade e principalmente influência nas camadas mais altas da sociedade, as que agora ele passava a conviver; e tendo com maior ápice a tentativa de emplacá-lo como o nome mais certo para presidir o país. A razão desses fatos sem comprovavam pelo fato de “Chance” utilizar a sua linguagem como Jardineiro para todo e qualquer assunto, incorrendo de parábolas sem nenhuma pretensão, visto que, como toda parábola, a seqüência significa aquilo que você deseja que ela signifique.         
            O filme analisado e relatado, fazendo uma analogia aos dias de hoje e ao Texto de Benjamin, comprova a importância da Televisão como fonte de formação. Assim como nos dias de hoje “Chance” utiliza a televisão como reflexo para a criação dos seus valores; é a constatação da existência de uma fonte de informação e um sujeito e ser formado.
            Em determinado trecho do seu texto Walter Benjamin descreve muito bem um pouco acerca dessa discussão, podendo dessa forma ser relacionado ao filme e aos valores da nossa sociedade:

            Benjamin relata em seu texto, Teoria da Cultura de Massa a discussão com o surgimento da reprodução técnica: os gregos conheciam a fundição e o relevo por pressão, logo reproduziam moedas, trabalhavam o bronze e o barro cozido. Com a gravura em madeira, pela primeira vez se reproduziu o desenho, antes da imprensa multiplicar a escrita. A idade média conheceu a xilogravura, gravura em metal e água-forte e, no séc. XIX, a litografia. A arte gráfica definitivamente passou a ilustrar o cotidiano, por isso se tornou íntima colaboradora da imprensa. Em poucas décadas, nasce a fotografia e a idéia da velocidade de captação da imagem, o olho que capta mais rápido o cotidiano que a mão no desenho, demonstrando a necessidade de algo para ser difundido com a realidade, uma percepção mais viva.
            Nota-se, em alguns trechos, o otimismo de Benjamin diante dos meios de comunicação de massa, principalmente um entusiasmo pelo cinema de massas e pela reprodutibilidade técnica, uma vez que esses podem cair no controle popular, demonstrando que aquilo que se produz coletivamente deve ser apropriado pela comunidade.
            No entanto, como o autor trabalha com imagens dialéticas, ao mesmo tempo em que olha para o cinema como uma experiência coletiva, com suas conseqüências sociais e políticas, também o entendem diante da modernidade capitalista em que essa experiência dá lugar à “massificação”, que é notoriamente visto no filme de “Chance”.
            O filme e o texto em discussão servem de alicerce para fundamentar inúmeras vulnerabilidades sociais, desde a vulnerabilidade política, que é vista com apenas um discurso de “Chance, e toda a sociedade o promove até como pretenso candidato a presidente do país; como também na prática incessante da sociedade em ter um espelho para seguir o reflexo, digo, a necessidade de ter um agente controlador no meio social.
           

        Antes do desfecho recomendo aos leitores e internautas assistirem esse grande clássico do cinema Americano, " Muito Além de um Jardim"

Por José Almeida

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