Rússia prende cientista acusado de vazar segredos de Estado para China
A Rússia prendeu nesta semana dois cientistas acusados de compartilhar segredos de Estado, de acordo com a agência estatal de notícias Tass. Ambos os especialistas, físicos que
atuam em Novosibirsk, cidade na Sibéria, podem pegar até 20 anos de prisão, caso as autorias dos vazamentos sejam confirmadas.O último a ser detido foi Dmitri Kolker, doutor em física e matemática pela Universidade de Novosibirsk. Segundo fontes anônimas ouvidas pela agência, ele teria colaborado com os serviços de segurança da China –Pequim e Moscou intensificaram suas ligações na esteira das sanções do Ocidente à Rússia.
O site da universidade afirma que Kolker é chefe do laboratório de tecnologias ópticas quânticas e autor de 112 artigos científicos e três patentes —ele também trabalhava em parceria com institutos da Alemanha e da França. Nas redes sociais, a família do cientista confirmou a prisão, e o filho dele, Maxim, disse que o pai participou de palestras para estudantes em uma conferência internacional na China.
Ainda de acordo com Maxim, as exposições foram certificadas pelo FSB, o serviço secreto da Rússia. “Oficiais do FSB o proibiram de dar palestras em inglês”, disse ele a um site de notícias locais.
Não há detalhes de quais informações teriam sido compartilhadas com os chineses. Kolker foi detido na quinta (30) em uma penitenciária de Moscou. Após a prisão, o filho do cientista disse que o pai foi abordado por oficiais russos enquanto estava no hospital —ele faz tratamento contra câncer avançado.
“Eles levaram um homem doente, que estava praticamente morrendo e se alimentando por um tubo em sua veia, em um hospital particular”, afirmou Maxim. Um dia depois da detenção, o tribunal de Justiça de Novosibirsk ordenou que o cientista fique preso até o final de agosto, enquanto aguarda o julgamento.
Na terça (28), oficiais russos também prenderam Anatoli Maslov, cientista-chefe de um instituto de mecânica. Ele é acusado de vazar dados de tecnologia hipersônica. Nesse caso, porém, não há detalhes de quem teria recebido as informações. É incerto se o vazamento estaria ligado a equipamentos militares.
De acordo com a Tass, Maslov é conhecido pelas pesquisas sobre viscosidade, termo que descreve a resistência ao fluxo de um fluido. Ele também é membro dos comitês nacionais russos de mecânica teórica aplicada e de engenharia mecânica. Diversos cientistas russos foram presos e acusados de traição nos últimos anos por supostamente passarem material sensível a estrangeiros. Críticos do Kremlin, por outro lado, dizem que as prisões muitas vezes resultam de denúncias sem provas.
Folhapress
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