O futuro do Brasil não pode ficar entre uma facada e uma prisão, diz Neto em referência a Bolsonaro e a Lula

[O futuro do Brasil não pode ficar entre uma facada e uma prisão, diz Neto em referência a Bolsonaro e a Lula]
Cobrado por aliados pela postura considerada morna, o candidato Geraldo Alckmin (PSDB) concordou nesta terça-feira (18) com a
necessidade de partir para o ataque para garantir uma vaga no segundo turno.
Até então refratário a fazer colocações mais agressivas, o tucano foi convencido de que o voto conservador continuará na órbita de Jair Bolsonaro (PSL) caso ele não suba o tom.
Após a publicação da reportagem, a campanha afirmou que não houve cobrança e que a decisão foi tomada no domingo (16) e apresentada aos aliados, que consentiram.
O receituário é o C mesmo que ele já evidenciou nos últimos dias. Alertará para o que chama de risco de radicalismo de direita, com o capitão reformado, e populismo de esquerda, com Fernando Haddad (PT). A forma é que, segundo aliados, mudará.
A previsão é que Alckmin não deixe que apenas propagandas eleitorais de sua coligação batam em Bolsonaro e no PT, mas ele próprio vá à televisão com a mensagem —que precisa ser exposta por ele de maneira mais clara e direta, na avaliação da campanha. 
O tucano se encontrou, em São Paulo, com seu marqueteiro, Lula Guimarães, e líderes dos partidos de sua coligação, na segunda reunião dessa envergadura desde o início oficial da campanha. 
Estavam presentes representantes dos partidos da coligação como Valdemar Costa Neto, que manda no PR, Marcos Pereira, presidente do PRB, ACM Neto, presidente do DEM, Guilherme Mussi e Aguinaldo Ribeiro, do PP, e Roberto Freire, do PPS.
Solidariedade, PSD e PTB mandaram emissários de segundo escalão.
Nas palavras de ACM Neto, coordenador político da campanha, na saída da reunião, os dois eventos que travavam o debate político foram superados.
“O futuro do Brasil não pode ficar entre uma facada e uma prisão”, afirmou em referência ao ataque a Bolsonaro e à tentativa do ex-presidente Lula de se candidatar, embora cumprindo pena.
É a senha para a decisão de retomar a desconstrução da candidatura do PSL, que foi amenizada depois do ataque em Juiz de Fora (MG).
O episódio deixou os oponentes “em compasso de análise”, observou o prefeito de Salvador, afinal, “não era razoável que, enquanto um candidato estivesse lutando pela vida”, fosse criticado. 
Agora, “é obvio que a razão precisa voltar à cena e não vamos deixar de expressar tudo o que precisa ser expressado em relação às fragilidades da candidatura de Jair Bolsonaro”, afirmou. 
Segundo Roberto Freire, “se não tivesse ocorrido o atentado, muito provavelmente você não estaria tendo que discutir agora, porque estava dando resultado”. 
“Vai ter que retomar agora. Não é ataque, é dizer o que é Bolsonaro. Não se faz campanha elogiando o adversário”, emendou o presidente do PPS.
O encontro também serviu como demonstração de força da coligação, em momento de insegurança.
“Estamos animadíssimos”, afirmou Pereira, do PRB. A aliança, segundo ele, “nunca esteve tão coesa quanto agora”.
ACM Neto disse que os dirigentes estão “bastante seguros em relação ao planejamento que foi feito. Há tempo suficiente para virar o jogo e garantir a presença de Geraldo no segundo turno. Esse é o principal objetivo da reunião de hoje”.
O presidente do DEM mencionou que, em 2014, a esta altura da campanha, o candidato tucano, Aécio Neves, “estava fora do jogo”. 
Pesquisa Datafolha publicada em 19 de setembro daquele ano mostrava Dilma Rousseff (PT) à frente, com 37% da intenção de voto, Marina Silva (então no PSB, hoje na Rede), com 30% e Aécio com 17%.
A petista e o tucano foram para o segundo turno.
Neste ano, o quadro é mais embolado. Internado, Bolsonaro lidera com 26%, segundo pesquisa Datafolha da semana passada. Em seguida, Fernando Haddad (PT) tem 13%, empatado numericamente com Ciro Gomes (PDT). Alckmin registrou 9% e Marina, 8%.
A consolidação de Bolsonaro na liderança deixou aliados de Alckmin assustados com a possibilidade de vitória do capitão reformado no primeiro turno. 
Tucanos questionaram reservadamente se a a antecipação da defesa do voto útil não acabou por fortalecer o candidato do PSL. Argumentaram que, ao pregar o voto antipetista, o tucano pode ter, desprevenidamente, incensado  uma onda bolsonarista.
ACM Neto discordou da análise. “Não há hipótese de acabar no primeiro turno, esqueça. Não há hipótese”, rebateu. “Esta é a eleição mais pulverizada desde 1989.”

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